"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

ARMAS - TÊNDER DE HIDROAVIÕES "GIUSEPPE MIRAGLIA"

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O tênder de hidroaviões italiano Giuseppe Miraglia foi lançado em 1921 como a balsa Città di Messina, destinada ao uso pela Companhia Ferroviária Estatal Italiana, mas foi adquirido pela Regia Marina logo após seu lançamento em 1923. Os trabalhos para convertê-lo em transportador de hidroaviões começaram imediatamente, mas, em 1925, quando estava quase completo, o navio emborcou durante uma tempestade. Recuperado sob a direção de Umberto Pugliese, foi concluído e comissionado em novembro de 1927.

Como muitos navios de sua geração, o Giuseppe Miraglia foi convertido a partir de um mercante


O Giuseppe Miraglia podia transportar cerca de 17 hidroaviões (originalmente Macchi M.18, depois IMAM Ro.43 e Reggiane Re-2000) e era equipado com duas catapultas. Os hidroaviões podiam ser recuperados por meio de grandes portas e guindastes nas laterais do hangar.

Um Reggiane Re-2000 posicionado em uma catapulta do Giuseppe Miraglia

O navio participou da Segunda Guerra Ítalo-Abissínia e da Guerra Civil Espanhola. Durante a Segunda Guerra Mundial, após sobreviver à Batalha de Taranto, foi empregado no Mediterrâneo. Depois do armistício, assinado pela Itália com os Aliados em 1943, o Giuseppe Miraglia navegou, juntamente com grande parte da frota italiana, para Malta, para o internamento.

Com o fim da guerra, o Giuseppe Miraglia foi empregado para repatriar prisioneiros de guerra italianos e passou o resto de sua carreira como quartel e oficina em Taranto até sua desativação em 1950.

O Giuseppe Miraglia em Taranto


Ficha técnica

Classe e tipo: Tênder de hidroaviões
Deslocamento: 5.400 toneladas normais / 5.913 toneladas completas
Comprimento: 121,22 metros
Boca: 14,99 metros
Propulsão: 2 turbinas a vapor Parsons, com 8 caldeiras Yarrow gerando 16.700 shp
Velocidade: 21 nós (39 km/h)
Tripulação: 16 oficiais, 40 sargentos, 240 marinheiros
Armamento: 4 canhões de 102 mm/35 e 12 metralhadoras AAe de 13,2mm
Aeronaves transportadas: 17 hidroaviões
Instalações de aviação: 2 catapultas

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sábado, 8 de dezembro de 2018

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - MAGUBA SYRTLANOVA, "BRUXA DA NOITE"

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Conheça Maguba Syrtlanova, uma destacada "Bruxa da Noite"


Maguba Syrtlanova nasceu no dia 15 de julho de 1912 em Belebey, no Bascortostão. Começou a voar na Escola de Voo de Bashalov em 1932, e se associou a uma escola de planadores em Tbilisi. Com a invasão alemã, alistou-se no Exército Vermelho em julho de 1941 e foi designada para a aviação. De etnia tártara, tornou-se membro do Partido Comunista da União Soviética em 1941.

Syrtlanova foi enviada para treinamento em 27 de dezembro de 1942 e voou sua primeira missão na noite de 10 de fevereiro de 1943, pelo 588º Regimento de Bombardeiros Noturnos, que mais tarde foi renomeado para 46º Regimento de Aviação de Bombardeiros Taman. Ela voou em missões de bombardeio no norte do Cáucaso, Bielorrússia, Península de Taman, Crimeia, Polônia e Prússia.

No final da guerra, acumulou 928 horas de voo em combate, realizou 780 missões de combate, lançou 190 toneladas de bombas em território inimigo e conduziu com segurança a sua aeronave através de pesadas barragens antiaéreas e mau tempo. Devido à precisão de seus bombardeios, ela conseguiu destruir duas estações ferroviárias, dois holofotes, três unidades de artilharia, quatro carros blindados, um depósito de combustível e 85 instalações inimigas.

Por seus feitos na guerra, Maguba Syrtlanova foi premiada com o título de Heroína da União Soviética, no dia 15 de maio de 1946. Há uma rua com o seu nome em Kazan, assim como um monumento e um ginásio. Também foi condecorada com a Ordem de Lênin, duas Ordens da Bandeira Vermelha, a Ordem da Guerra Patriótica de 2ª Classe, a Ordem da Estrela Vermelha e diversas outras medalhas de campanha.

Busto homenageando Maguba Syrtlanova em Belogorsk.

Após a Segunda Guerra Mundial retirou-se do Exército Vermelho e trabalhou em uma fábrica em Kazan, de 1951 a 1962. Maguba Syrtlanova morreu em 1º de outubro de 1971 e foi enterrada no cemitério Novo-Tatar Sloboda.


Conheça mais sobre a participação das mulheres nas guerras lendo

BRUXAS DA NOITE: AS AVIADORAS SOVIÉTICAS NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Reserve já o seu exemplar e delicie-se com a história das corajosas jovens aviadoras na defesa de sua Pátria.

A guerra, no feminino.



quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

JOSÉ SABAS LIBORNIO, O MÚSICO DA BANDEIRA PERUANA

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Depois do Hino Nacional, a 'Marcha das Bandeiras' é uma das composições mais emocionantes existentes no Peru.

Por Lilia Córdova Tábori


Filho de professor e bordador, José Sabas Libornio Ibarra nasceu em Manágua (Filipinas) em 5 de dezembro de 1855, quando essas terras ainda estavam sob domínio espanhol.

Cativado pela música, José iniciou seus estudos no Colégio Geral de Música de Santa Cecília, em Manila. Ele era um excelente aluno graduando com uma licenciatura por ter as melhores notas. José Sabas Libornio foi considerado um dos melhores saxofonistas do seu tempo. Entre 1873 e 1875 dirigiu a Faixa Cívica da Espanha em Manila. Ele começou a viajar pelo mundo e estabeleceu-se em Honolulu, onde foi diretor da Royal Hawaiian Band, com a qual continuou viajando pela Europa e América.


Sua chegada ao Peru

Em 1895, o presidente do Peru, Nicolás de Piérola, planejava reorganizar o Exército, incluindo não apenas o aspecto militar, mas também o aspecto musical. É por isso que ele contratou o famoso mestre Libornio.

Após a sua chegada ao país, o músico foi incorporado ao Exército com o posto de Capitão e nomeado Diretor Geral da Banda do Exército. Libornio encomendou a compra de instrumentos e selecionou os integrantes da banda. Seus alunos aprenderam não apenas os acordes musicais, mas também como cuidar dos instrumentos. Libornio destacou-se pelo seu empenho e dedicação. O professor adotou o Peru como sua segunda pátria, onde formou família com sua esposa María Estrada e seus cinco filhos.


Uma marcha para os peruanos

Parecia a José Sabas Libornio que uma marcha deveria prestar homenagem à bandeira peruana. Até aqueles momentos, o Hino Nacional era cantado em missas, cerimônias militares e quando o ato oficial era apresentado. Libornio expressou sua ideia ao Presidente Piérola, que o encorajou a seguir em frente. No dia 9 de dezembro de 1897, na missa em honra da Batalha de Ayacucho, a chegada do presidente foi qualificada pela famosa marcha. Libornio foi promovido ao posto de Sargento Major.

A "Marcha das Bandeiras" entrou em vigor como "Marcha Nacional Peruana", de 17 de dezembro de 1897. No governo de Augusto B. Leguia foi convocada para ser chamada de "Marcha das Bandeiras" e realizada em eventos oficiais. no momento de ser içado o Pavilhão Nacional. Além disso, a "Marcha das Bandeiras" anuncia a chegada do Presidente do Peru em atos religiosos como a Missa Te Deum.

Durante os 20 anos de serviço no exército Jose Sabas Libornio compôs outras grandes marchas, como El Morro, Meu país, Esquadrão peruana Huamachuco, Coronel La Puente, entre outras. Ele também foi cativado pela música crioula e escreveu valsas, como Hotensia, Orquídeas, dentre outras.

O maestro José Sabas Libornio, filipino de nascimento e peruano de coração.


José Sabas Libornio morreu aos 60 anos em 9 de dezembro de 1915. Uma multidão reuniu-se em sua casa, localizada no bairro de Huancavelica, para despedir-se do músico filipino, mas de coração peruano.

Fonte: El Comercio



REMEMORAÇÃO DOS 150 ANOS DA BATALHA DE ITORORÓ

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Atendendo ao convite formulado pelo comando do 5º Batalhão de Infantaria Leve, "Regimento Itororó", uma das mais tradicionais unidades de infantaria do Exército Brasileiro, o editor do Blog Carlos Daróz-História Militar esteve em Lorena-SP para ministrar a palestra A BATALHA DE ITORORÓ NO CONTEXTO DA GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA.

Grande público acorreu ao evento

Esboço mostrando o terreno e as posições das tropas na Batalha de Itororó


O marquês de Caxias investe contra as posições paraguaias no arroio Itororó 

O evento foi realizado na universidade UNIFATEA e contou com grande público. A Batalha de Itororó foi travada em 6 de dezembro de 1868 e foi a primeira da sequência de vitórias brasileiras que passou à história com o nome de "Dezembrada".

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sábado, 1 de dezembro de 2018

MORRE AOS 94 ANOS GEORGE BUSH, EX-PRESIDENTE DOS EUA

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George Bush levou o país à guerra contra Saddam Hussein e é considerado o último presidente dos EUA na Guerra Fria

Por Carlos Eduardo Lins da Silva

O ex-presidente americano George Herbert Walker Bush morreu no início da madrugada deste sábado (1º), aos 94 anos. O anúncio foi feito pelo porta-voz da família, Jim McGrath, às agências de notícias internacionais.

"Jeb, Neil, Marvin, Doro e eu estamos tristes em anunciar que, após 94 extraordinários anos, nosso querido pai morreu", disse seu filho, o 43º presidente dos Estados Unidos George W. Bush, na nota divulgado por McGrath.

"George HW Bush era um homem do mais alto caráter e o melhor pai que um filho ou filha poderia pedir. Toda a família Bush está profundamente grata pela vida e amor do 41º, pela compaixão daqueles que se preocuparam e oraram pelo papai, e pelas condolências dos nossos amigos e parceiros cidadãos."

George Herbert Walker Bush foi o último presidente dos EUA a ter lutado na Segunda Guerra Mundial, a mais popular da história do país, e um dos cinco no século XX que perderam a reeleição. 

Seu governo registra uma grande vitória militar em 1990, a operação "Tempestade no Deserto", que pôs fim à ocupação militar do Kuait pelo Iraque, e contou com grande respaldo da comunidade internacional e da opinião pública americana.

Foi também na sua administração que terminou a Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlim em 1989, seguida da dissolução da União Soviética e do estabelecimento por Bush e Mikhail Gorbachev da parceria estratégica entre Rússia e EUA, em 1991, destroçada ao longo desta década.

Em grande parte devido a esses fatos, Bush registrou na primeira metade de seu único mandato altíssimos níveis de popularidade, comparáveis aos que seu filho, George W. Bush, obteria logo após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

Mesmo assim, perdeu a reeleição em 1992 para Bill Clinton, e teve por muito tempo de se explicar pela decisão de, na sequência da "Tempestade no Deserto", não ter mandado suas tropas até Bagdá para derrubar o presidente Saddam Hussein, algo que seu filho faria em 2002. Ele disse em 2008 que derrubar Saddam teria "acarretado incalculáveis custos humanos e políticos... e seríamos obrigados, de fato, a governar o Iraque".  Sábia avaliação, como os fatos demonstrariam no século XXI.

A debacle americana no Iraque a partir de 2003 foi um dos fatores para a reavaliação pública da figura do 41º presidente americano, que nos 20 anos seguintes à sua maior derrota eleitoral gozou de crescente prestígio.

Bush nasceu em 12 de junho de 1924 em família abastada e influente da elite da Nova Inglaterra. O pai, Prescott, foi banqueiro e senador. Frequentou excelentes escolas, e se formou em economia por Yale. No dia seguinte ao ataque japonês a Pearl Harbor, com 18 anos, alistou-se na aviação da Marinha. Realizou dezenas de missões como piloto no Pacífico. Em uma delas, foi abatido em voo, mas um submarino o resgatou.

Durante a 2ª Guerra Mundial, Bush atuou como aviador naval no Pacífico

De volta à pátria, casou-se com Barbara Pierce (com quem teve seis filhos, uma das quais morreu de leucemia aos quatro anos) e resolveu se iniciar na vida empresarial, no negócio de petróleo no Texas, onde também começou a fazer política. Tornou-se dirigente do Partido Republicano no Texas, candidatou-se ao Senado federal em 1964, e perdeu. Dois anos depois, elegeu-se para a Câmara dos Representantes. 

Em 1970, deixou-se convencer pelo então presidente Richard Nixon a tentar o Senado de novo, e foi outra vez derrotado. Como recompensa pelo sacrifício, Nixon o nomeou embaixador dos EUA junto às Nações Unidas. Em 1972, ainda sob a proteção de Nixon, tornou-se presidente do diretório nacional do Partido Republicano; nesta condição, ajudou a negociar a renúncia de seu protetor antes do impeachment no caso Watergate.

Bush tentou ser o companheiro de chapa de Gerald Ford, o sucessor de Nixon, mas não conseguiu. Ford lhe ofereceu a Embaixada em Paris, mas Bush diz ter pedido a China ("porque lá está o futuro"), e se tornou o primeiro representante dos EUA com status de embaixador em Beijing. 

Outra posição importante que Ford lhe deu foi a direção da CIA, quando ela sofria crise de prestígio, suspeita de atividades ilegais. Bush se saiu bem neste cargo, o que fez subir sua influência no Partido Republicano. Assim, em 1980, ele se lançou candidato à Presidência. Mas perdeu as primárias para Ronald Reagan, que o convidou para compor a chapa com ele. Nas duas administrações de Reagan, Bush foi discreto vice-presidente. Sua única missão de maior envergadura foi coordenar esforços para diminuir a entrada ilegal de drogas no país.

Com as bênçãos do popularíssimo Reagan, ganhou com facilidade a indicação do Partido Republicano para concorrer à Casa Branca em 1988 contra o eleitoralmente fraco Michael Dukakis. Venceu com 53,4% dos votos populares e 426 dos 538 do Colégio Eleitoral. Na campanha, entretanto, Bush disse uma frase que o ajudou a ganhar votos, mas, depois, contribuiu muito para sua derrota em 1992: "Leiam os meus lábios: mais impostos, não", uma promessa não cumprida, como seus adversários quatro anos depois exaustivamente lembrariam.

Parte da herança de Reagan foi um déficit orçamentário gigantesco, que Bush tentou conter por meio de um acordo com os democratas do qual constou aumento de impostos, além de cortes de despesas públicas. Isso lhe custou intensa impopularidade, especialmente entre os grupos mais conservadores, tradicionais apoiadores do Partido Republicano. Além disso, boa parte do governo Bush transcorreu com a economia em crescimento modesto ou recessão moderada, e a maioria da população em 1992 não estava otimista quanto ao futuro.

Suas conquistas sociais (surpreendentes, se observadas da perspectiva atual), como leis de inclusão para deficientes físicos, para facilitar a entrada de imigrantes legais nos EUA e contra a poluição do ar, não foram suficientes para animar o eleitorado a seu favor.

Bush visita as tropas norte-americanas no Iraque em 1991

Outras decisões importantes de seu governo, como a intensificação das negociações para criar o Nafta, acordo de livre-comércio com México e Canadá, a invasão do Panamá para prender o presidente Manuel Noriega, acusado de ajudar o tráfico de drogas, e a indicação do primeiro negro para a Suprema Corte, Clarence Thomas, tampouco o ajudaram eleitoralmente. 

Mais do que tudo, a presença no pleito de terceiro candidato forte, Ross Perot, que recebeu 20% dos votos populares, quase todos de conservadores que provavelmente teriam votado em Bush, deu a vitória a Bill Clinton. Bush foi durante a maior parte do tempo um ex-presidente tão discreto quanto havia sido vice, mesmo nos dois governos do filho.  Mas a simples comparação entre os dois presidentes Bush fez com que a imagem do mais velho se sobressaísse positivamente: no exercício do poder ele sempre dissera querer construir um país "mais gentil e mais bondoso", algo que se tornou especialmente relevante após as atrocidades no Iraque e em Guantánamo cometidas na gestão do mais novo.

Aos poucos, na liderança de missões humanitárias nos EUA e em outros países, algumas das quais ao lado de Bill Clinton, de quem se tornou amigo, ganhou exposição positiva e reconhecimento bipartidário. Em 2013, o presidente Barack Obama o homenageou na Fundação "Points of Light", que Bush fundou em 1990 com um nome que se refere a uma frase por ele usada em um dos poucos discursos seus lembrados como exemplo de boa retórica política, ao aceitar a indicação do Partido Republicano para concorrer à Presidência em 1988. 

Além de Obama e Clinton, outros adversários políticos históricos dos Bush o homenagearam nos últimos anos de vida, como a família Kennedy, que lhe concedeu a medalha "Perfil de Coragem" de 2014, pela sua decisão em 1990 de aumentar impostos para equilibrar o Orçamento federal.  Por muito tempo, manteve boa forma física. Comemorou 85 anos com um célebre salto de paraquedas. Repetiu a façanha aos completar 90 anos.

A partir de 2012, no entanto, acometido por uma forma de mal de Parkinson, teve suas atividades físicas muito limitadas e passou a ser visto em público em cadeira de rodas, mas sempre com aparente bom humor. Perguntado sobre qual o ato de seu governo mais seria lembrado na história, disse que seria a inauguração do avião presidencial jumbo que virou até tema de filme de sucesso.  

Frequentemente pescava e navegava na costa de Kennebunkport, no estado de Maine, o lugar de que mais gostava e onde dizia querer passar os últimos dias de sua vida.

Fonte: Yahoo Notícias


sábado, 24 de novembro de 2018

MULHERES QUE OCULTARAM SEU GÊNERO PARA COMBATER NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

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Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), algumas mulheres mantiveram a prática de lutarem ocultando seu gênero, tão comum no século XIX, mas que tornou-se difícil com a formalização do serviço militar com suas inspeções de saúde


A sérvia Sofija Jovanović foi uma das mulheres que combateu na Primeira Guerra Mundial sob disfarce masculino. Ingressou no exército de seu país com o nome de Sofronije Jovanović imediatamente após o início do conflito, em 1914. Defendeu Belgrado em outubro de 1915 contra os exércitos da Alemanha e Áustria-Hungria e esteve presente na retirada do Exército Sérvio pela Albânia, no inverno de 1915-1916. Jovanović participou da Frente de Salônica e da libertação de Belgrado em novembro de 1918.

Sofija Jovanović, aqui fotografada com suas condecorações após o final da guerra, participou da Frente de Salônica e da libertação de Belgrado em novembro de 1918.

O mesmo ocorreu com a sargento Milunka Savić, a mais condecorada mulher combatente sérvia. Depois ingressar no exército no lugar de seu irmão, que havia sido convocado para servir nas Guerras Balcânicas em 1913, lutou nesse conflito e na Primeira Guerra Mundial. Como ocorreu com muitas mulheres-soldado que a antecederam, seu gênero foi descoberto no hospital, após ter sido ferida em combate.

Antes de ser dispensada capturou, sozinha, 23 soldados búlgaros e recebeu a Legião de Honra francesa duas vezes, a Cruz de São Jorge russa, a Medalha da Ordem de São Miguel britânica e a medalha sérvia Miloš Obilić, Savić. Foi a única mulher a ser condecorada com a Cruz de Guerra francesa com palma de ouro durante a Primeira Guerra Mundial.

Milunka Savić foi a única mulher a ser condecorada com a Cruz de Guerra francesa com palma de ouro, durante a Primeira Guerra Mundial. Tornou-se a mulher mais condecorada do Exército Sérvio na guerra.


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BRUXAS DA NOITE: AS AVIADORAS SOVIÉTICAS NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Reserve já o seu exemplar e delicie-se com a história das corajosas jovens aviadoras na defesa de sua Pátria.

A guerra, no feminino.





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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

IMAGEM DO DIA - 19/11/2018

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Batalhão de pára-quedistas 890 posando com Moshe Dayan e Ariel Sharon em 1955, após operação em Kuntila.

sábado, 17 de novembro de 2018

ROMPENDO A SUPERIORIDADE NAVAL BIZANTINA

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O controle marítimo do Mediterrâneo passou por intensas transformações. Em meados do século VII, as forças navais islâmicas obtiveram a primazia, superando a marinha bizantina.   


Os árabes já navegavam no Mar Vermelho e no Golfo Pérsico nos tempos pré-islâmicos, mas não eram marinheiros muito experientes em contraste com os persas. Isso logo mudou à medida que sua luta pela conquista de Bizâncio se transformou em uma competição naval no Mediterrâneo. Auxiliados pelos persas e coptas do Egito, os árabes se apressaram a desenvolver uma marinha que usaram para derrotar os bizantinos na Batalha dos Mastros, em 655, e sitiar Constantinopla pouco depois. Embora as defesas marítimas de Constantinopla fossem fortes demais para os muçulmanos, eles rapidamente despejaram seus rivais bizantinos de outros portos e ilhas do Mediterrâneo enquanto navegavam cada vez mais para o oeste.

Durante séculos, o controle do Mediterrâneo dependeu do poderio naval. No final do século VI, o Império Bizantino dominava o Mediterrâneo e os mares negros, com bases navais em Cartago, Alexandria, Acre e Constantinopla. No entanto, o número de navios de guerra bizantinos permanecia reduzido, porque o Império não enfrentava nenhum rival marítimo até a ocupação sassânida do Egito e da Síria. Ainda mais ameaçadoras foram as conquistas muçulmanas subsequentes dessas áreas, assim como o norte da África e, eventualmente, a Península Ibérica.

Navio bizantino enfrentando embarcação islâmica com o fogo grego.


Na primeira grande operação naval das forças islâmicas no Mediterrâneo, elas temporariamente ocuparam a ilha de Chipre depois de terem expulsado uma frota bizantina perto de Alexandria em 652 - sua primeira vitória naval.  Então, em 655, a frota islâmica obteve uma vitória convincente sobre a marinha bizantina na costa sudoeste do que hoje é a Turquia. Por quase mil anos, os gregos, e depois os romanos, haviam dominado o Mediterrâneo. Agora, na primeira grande batalha do mar Mediterrâneo em séculos, uma frota árabe havia desafiado com sucesso os bizantinos em suas águas natais.

Surpreendentemente, dada a relativa inexperiência da frota muçulmana, a batalha viu os bizantinos derrotados tanto no mar como em terra ao mesmo tempo. Este confronto em 655, perto do Cabo Celidôneo, na costa da Lícia, veio a ser conhecido como a "Batalha dos mastros", porque os muçulmanos haviam desembarcado para cortar árvores altas para os mastros e pátios de suas novas frotas, com base no Egito e na Síria.  

Navio de guerra bizantino

A falta de madeira de grande porte adequada de fato dificultaria o desenvolvimento naval muçulmano durante todo o período medieval, embora encorajasse a inovação tecnológica na engenharia naval islâmica. Durante este encontro, os navios bizantinos parecem ter sido atracados em formação fechada ou ter sido amarrados juntos. Como resultado, os muçulmanos conseguiram vencer por causa de suas táticas de embarque e combate de perto.

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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

NOS CAMPOS DE FLANDRES - O POEMA QUE LEMBRA O ARMISTÍCIO

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O poema "In Flanders Fields" (nos campos de Flandres) foi escrito pelo tenente-coronel  canadense John Mcrae, em 3 de maio de 1915, durante a Primeira Guerra Mundial, após ele ter visto a morte de seu amigo no dia anterior, o tenente Alexis Helmer.

O poema foi publicado em 8 de dezembro daquele ano pela revista inglesa semanal Punch, e se tornou o mais famoso do conflito.

Flandres é uma região da atual Bélgica, onde eles se encontravam combatendo, comum pelos extensos campos de papoulas. Devido à notoriedade alcançada pelo poema, as papoulas viraram símbolo do Dia da Lembrança, também chamado de Dia do Armistício ou Dia da Papoula (Poppy Day).

O poema ainda é recitado nas cerimônias do Dia da Lembrança no Canadá, Estados Unidos e Reino Unido.


Nos Campos de Flandres


Nos campos de Flandres

as papoulas estão florescendo entre as cruzes
que em fileiras e mais fileiras assinalam
nosso lugar; no céu as cotovias voam
e continuam a cantar heroicamente,
e mal se ouve o seu canto entre os tiros cá embaixo.


Somos os mortos... Ainda há poucos dias, vivos,

ah! nós amávamos, nós éramos amados;
sentíamos a aurora e víamos o poente
a rebrilhar, e agora eis-nos todos deitados
nos campos de Flandres.


Continuai a lutar contra o nosso inimigo;

nossa mão vacilante atira-vos o archote:
mantende-o no alto. Que, se a nossa fé trairdes,
nós, que morremos, não poderemos dormir,
ainda mesmo que floresçam as papoulas
nos campos de Flandres.



Versão original em inglês

In Flanders fields


In Flanders fields the poppies blow

Between the crosses, row on row,
That mark our place; and in the sky
The larks, still bravely singing, fly
Scarce heard amid the guns below.


We are the Dead. Short days ago

We lived, felt dawn, saw sunset glow,
Loved and were loved, and now we lie,
In Flanders fields.


Take up our quarrel with the foe:

To you from failing hands we throw
The torch; be yours to hold it high.
If ye break faith with us who die
We shall not sleep, though poppies grow
In Flanders fields.


sábado, 10 de novembro de 2018

MACRON DESPERTA IRA POR ELOGIOS A PÉTAIN, HERÓI NA PRIMEIRA GUERRA E COLABORADOR NAZISTA NA SEGUNDA

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Presidente francês diz que líder do regime de Vichy foi 'um grande soldado' durante o primeiro conflito bélico mundial, que completa 100 anos


Uma onda de críticas foi dirigida nesta quarta-feira ao presidente francês, Emmanuel Macron, por elogios ao colaboracionista nazista Philippe Pétain (1856-1951), que comandou o regime autoritário francês de Vichy, mas antes foi, em suas palavras, um "grande soldado" durante a Primeira Guerra Mundial.

O porta-voz do Exército Patrik Steiger anunciou de última hora na terça-feira que, no sábado, será celebrada uma cerimônia em homenagem aos oito marechais que comandaram as forças francesas durante a Primeira Guerra Mundial, incluindo Pétain.

Philippe Pétain, aqui retratado como o "herói de Verdun"

É legítimo que façamos uma homenagem aos marechais que levaram o Exército à vitória — disse Macron na cidade de Charleville-Mézières, no âmbito de uma viagem pelo Norte e Leste da França pelo centenário do término do primeiro conflito mundial. — Durante a Primeira Guerra Mundial, ele foi um grande soldado, isto é um fato — declarou o presidente francês, para pouco depois acrescentar que Pétain tomou "decisões desastrosas" durante a Segunda Guerra Mundial, ao colaborar com o regime nazista.

Durante o regime de Vichy, que durou de 1940 a 1944, Pétain, então um idoso marechal,  atuou como chefe de Estado francês. Após a derrota da França e de seus aliados na Batalha da França, em maio de 1940, Pétain, então primeiro-ministro, ofereceu a rendição de seu Exército. Seu governo transformou a desacreditada República Francesa no Estado Francês, um regime autoritário alinhado com a Alemanha nazista.

Após a guerra, Pétain foi julgado e condenado por traição. Ele foi originalmente sentenciado à morte, mas por causa de sua liderança militar na Primeira Guerra Mundial, particularmente durante a Batalha de Verdun, Pétain era visto como um herói nacional na França e não foi executado, mas teve a sentença convertida em prisão perpétua.

Os comentários do atual presidente provocaram duras críticas por parte de políticos opositores e de líderes judeus, ao abrir um doloroso capítulo da História da França que continua dividindo o país há décadas.

Após a derrota da França, em 1940, Pétain colaborou com os nazistas

Francis Kalifat, do Conselho representativo das instituições judaicas da França (Crif), disse que estava "chocado" com os comentários de Macron e lembrou que Pétain foi julgado por "alta traição".

"Pétain é um traidor e um antissemita", tuitou Jean-Luc Mélenchon, do partido de extrema esquerda França Insubmissa, fazendo eco a várias mensagens furiosas.

Durante muito tempo, Philippe Pétain foi considerado um excelente estrategista, sobretudo por ter detido o avanço alemão em Verdun em 1916. 

Horas depois das declarações polêmicas, Macron tentou colocar panos quentes e afirmou que “não perdoa" os atos de Pétain, mas que também "não apaga nada" da História da França.

O presidente não irá à cerimônia de sábado no Museu dos Inválidos, em Paris, mas enviará seu assessor militar para que o represente.

Nesta quarta-feira, um porta-voz do governo tentou minimizar o que ele chamou de "falsa polêmica", dizendo que inclusive Charles de Gaulle, general que comandou a resistência francesa na Segunda Guerra Mundial, acreditava que a glória de Pétain conquistada em Verdun "não poderia ser questionada".

Pétain morreu na prisão aos 95 anos.

Fonte: France Press


sexta-feira, 9 de novembro de 2018

MUNDO RELEMBRA FIM DA 1ª GUERRA MUNDIAL, TRAGÉDIA QUE MOLDOU O SÉCULO XX

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No fim do conflito, os povos europeus estavam exaustos e a tentação revolucionária, inspirada pelo exemplo russo, espalhou-se em 1919, especialmente na Alemanha e na Hungria


"A Alemanha pagará". O leitmotiv francês que se refletiu no Tratado de Versalhes resume as ilusões dos vencedores sobre o estado da Europa após a 1ª Guerra, ignorando o colapso político, econômico e moral de um continente que dominou o mundo durante séculos.

No fim do conflito, os povos europeus estavam exaustos e a tentação revolucionária, inspirada pelo exemplo russo, espalhou-se em 1919, especialmente na Alemanha e na Hungria. Essas tentativas duraram muito tempo e foram reprimidas duramente, assim como as greves que eclodiram na França e na Itália.

Ainda no front, soldados britânicos comemoram o armistício e o fim da guerra

A Rússia bolchevique conseguiu estabelecer seu poder depois de uma implacável guerra civil, antes de cair em um totalitarismo implacável sob o comando de Stalin e formar um bloco confrontando os Estados Unidos durante meio século da Guerra Fria, após a 2ª Guerra.


Totalitarismos

Mas, em curto prazo, foi sobretudo o Tratado de Versalhes, assinado em 28 de junho de 1919, que teve graves consequências ao atingir a Alemanha moral e economicamente. A conferência de Londres de 1921 impôs à Alemanha o pagamento de 132 bilhões de marcos de ouro aos Aliados, principalmente a França, como indenizações de guerra. Os alemães ficaram indignados com as exigências dos vencedores e não puderam cumprir suas obrigações.

Para obrigá-los a pagar, as tropas francesas ocuparam em 1923 a região de Ruhr, no oeste, e o país se afundou ainda mais no caos econômico, a hiperinflação e principlamente o rancor.

Um agitador chamado Adolf Hitler encontrou naquele contexto um terreno fértil para alcançar o poder dez anos depois, antes de voltar a levar a Europa para uma guerra devastadora.

O fascista Benito Mussolini alimentou na Itália as mesmas ânsisas de revanche e de grandeza, enquanto, ao contrário, na França e no Reino Unido, a guerra gerou um pacifismo que explica a paralisia das democracias europeias ante Hitler. 

Os tratados de paz não só afetaram a Alemanha, mas também desenharam um novo mapa da Europa e do Oriente Médio, dividindo os impérios vencidos e lançando as bases para futuros conflitos entre novas nações, desde os países bálticos até a Turquia, passando pela Iugoslávia e Checoslováquia.  

O Império Otomano, que estava morrendo desde o século 19, foi dissolvido em benefício dos vencedores, e as contraditórias promessas britânicas feitas aos árabes e judeus foram as sementes do futuro conflito entre Israel e os palestinos.

Em Paris, uma das muitas cerimônias rememorando o centenário do fim da 1ª Guerra Mundial


Domínio americano

Embora o prestígio político dos principais vencedores, França e Reino Unido, parecesse atingir seu auge em 1919, não impediu a ascensão internacional dos Estados Unidos, que se afirmou como a principal potência econômica, militar e política do mundo ocidental nas décadas seguintes.

O conflito também deixou a Europa exaurida demograficamente. Quase 10 milhões de soldados morreram, 20 milhões ficaram feridos e dezenas de milhões de civis morreram vítimas de massacres, fome e doenças, sem contar as conseqüências da gripe espanhola em 1918 e 1919. A guerra também causou milhões de inválidos, viúvas e órfãos.


Emancipação feminina

As mulheres em todos os lugares desempenharam um papel fundamental no esforço de guerra, substituindo nas fábricas e campos os homens que estavam no front. Muitos delas descobriram naquele momento o prazer da emancipação. 

Mulheres trabalhando em uma fábrica de munição. Para elas, a Grande Guerra representou o início de um processo de  emancipação feminina


Embora a maioria retornasse às tarefas domésticas após a desmobilização dos homens, elas obtiveram o direito de votar em vários países como Alemanha, Áustria ou Reino Unido. As francesas estavam entre as poucas que tiveram de esperar até o final do próximo conflito, em 1944, para poder votar.

Os massacres da guerra também deixaram uma marca inesquecível em artistas e intelectuais, atormentados pelas atrocidades que presenciaram. O dadaísmo, nascido durante o conflito, e o surrealismo se espalharam pela poesia, pintura e literatura, em países como França, Bélgica e Alemanha, como um exorcismo contra o horror.

Nas cidades, a juventude expressou sua enorme fome de viver, de rir, de protestar. Foi a época dos "anos loucos" em Paris, enquanto que, em Berlim, os pintores tentavam esquecer seu triste dia a dia em festas noturnas que duravam até o amanhecer. 

Fonte: France Press