"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



quinta-feira, 30 de abril de 2009

IMAGEM DO DIA - 30/4/2009

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Guerra dos Sete Anos, 1759. Durante a Batalha de Minden, tropas do 20º Regimento a Pé (Fuzileiros de Lancashire) britânico rechaçando um ataque da cavalaria francesa.

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LIDERANÇA MILITAR – O CASO DA BATALHA DE BUNA

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Uma pequena história ocorrida durante a 2ª Guerra Mundial, nas longínquas montanhas selváticas de Papua-Nova Guiné, que mostra que a liderança militar faz toda a diferença.


Vencer a campanha da Nova Guiné era essencial para garantir a segurança da Austrália e impedir o implacável avanço japonês no Pacífico Sudoeste. Em novembro de 1942 a vitória da força aliada, constituída por tropas norte-americanas e australianas, dependia da conquista do vilarejo de Buna, posição-chave do dispositivo defensivo das forças japonesas do General Horii, um especialista em guerra anfíbia.

Para cumprir a difícil tarefa o General Douglas MacArthur, comandante do Teatro de Operações do Pacífico Sudoeste, designou o Tenente-General Robert Eichelberger e concedeu-lhe autoridade para modificar completamente a estrutura de comando de suas tropas, desde que tomasse Buna. Courtney Whitney, autor da obra MacArthur: seu encontro com a história, relata como o General Eichelberg desempenhou sua tarefa com extrema liderança militar:

“Foi no dia 30 de novembro de 1942, cerca de onze horas da manhã, após uma noite de reuniões com o estado-maior, Eichelberger desceu do avião na frente de combate e dispôs-se a tomar Buna. Como MacArthur sugerira, evacuou oficiais que não se empenhavam e substituiu-os por homens decididos, sem consideração de posto. O combate foi suspenso por dois dias, enquanto toda a estrutura do comando era reorganizada. Os relatórios horários da frente de combate foram restabelecidos, a situação médica e alimentar melhorada e novos processos de ataque imaginados. E, mais do que tudo, os homens receberam a espécie de comando por que aspiravam.

Seguindo o exemplo de MacArthur em Bataan, Eichelberger ostentava suas estrelas, em vez de esconder as insígnias do posto dos atiradores isolados japoneses, como vinham fazendo seus predecessores. Foi para a frente e, pessoalmente, conduziu a progressão dos homens através do fogo inimigo. Dos quatro generais que estavam na frente de Buna, três foram feridos e somente Eichelberger parecia invulnerável às balas japonesas. Usando uma metralhadora, ele próprio matou alguns atiradores japoneses emboscados. Vendo essa demonstração de liderança militar, MacArthur aplaudiu Eichelberger e deu-lhe apoio ilimitado.Quando, por exemplo, um sargento chamado Herman Bottcher levou dezoito homens através das linhas japonesas até a praia de Buna, Eichelberger mandou uma parte a MacArthur, elogiando-o. Este respondeu com a concessão ao Sargento Bottcher da Cruz de Serviços Relevantes e fazendo-o capitão, no campo de batalha. [...] A 14 de dezembro, somente duas semanas depois da mudança de comandos, MacArthur pode anunciar: ‘A vila de Buna foi conquistada. Foi ocupada por nossas tropas às dez horas da manhã de hoje’.”
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O General Robert Echelberger contava com 57 anos de idade na ocasião e os japoneses possuíam superioridade de efetivos de 5 para 1 na frente de Buna.


Fonte: Texto extraído de  WHITNEY, Courtney. MacArthur – seu encontro com a história. Rio de Janeiro: BibliEx, 1961. p. 121-122.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

IMAGEM DO DIA - 23/4/2009



Guerra dos Seis Dias, 1967. Soldado israelense ferido sendo evacuado da frente de batalha no deserto do Sinai.


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PENSAMENTO MILITAR - O SUCESSO NA GUERRA




"Ninguém pode garantir o sucesso na guerra, mas apenas merecê-lo."

Winston Churchill, primeiro-ministro britânico



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NOTÍCIA - FOSSA DA 2ª GUERRA MUNDIAL COM 4.500 CORPOS É LOCALIZADA NA CROÁCIA

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Na Croácia, a 20 km de Zagreb, foi encontrada uma fossa com cerca de 4.500 corpos de aliados dos nazistas, mortos no final da Segunda Guerra Mundial pelo antigo regime comunista iugoslavo.

Entre os mortos estão soldados do regime ustachi croata, aliado dos nazistas, e de cerca de 500 oficiais alemães. As vítimas integravam a 39ª Dvisão da Wehrmacht, composta por soldados croatas sob comando de oficiais alemães.

Esta divisão se rendeu às tropas comunistas do marechal Tito perto da cidade croata de Rijeka, no início de 1945. Provavelmente, os comunistas os executaram e enterraram os corpos nas fossas. A estimativa do número de vítimas foi determinada com base em testemunhos.
Outras fossas da mesma época podem estar localizadas nessa mesma região.

Durante a 2ª Guerra Mundial, sérvios, ciganos e judeus foram mortos pelo regime ustachi croata, derrubado mais tarde pelos seguidores iugoslavos de Tito.

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quarta-feira, 22 de abril de 2009

IMAGEM DO DIA - 22/4/2009


Pisa, Itália, 1944.   Esquadrilha Azul do 1º Grupo de Aviação de Caça alinhada em sua base

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DIA DA AVIAÇÃO DE CAÇA - 1º GRUPO DE AVIAÇÃO DE CAÇA

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Comemora-se hoje no seio da Força Aérea Brasileira o Dia da Aviação de Caça. Nada mais natural do que destacar parte da história do 1º Grupo de Aviação de Caça, unidade aérea que surgiu durante a 2ª Guerra Mundial para dar combate aos alemães na Itália.

A unidade foi criada em 18 de dezembro de 1943, um ano e quatro meses após a declaração de guerra do Brasil aos países do Eixo. Para comandá-la foi nomeado o então Major Aviador Nero Moura, atualmente o "Patrono da Aviação de Caça" da FAB.
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A verdadeira história desta unidade teve início quando o seu comandante, juntamente com o "pessoal-chave", foram deslocados para a Escola de Tática, em Orlando, Flórida. Enquanto isso, o restante dos voluntários da unidade seguiu para a Base Aérea de Aguadulce no Panamá. Durante a permanência em Aguadulce, todos os pilotos realizaram o curso de caça a bordo de aeronaves P-40, inclusive os que haviam ido para Orlando. Após o treinamento todos se engajaram nas missões de defesa do Canal do Panamá até 22 de junho de 1944. Em uma destas missões o 2º Tenente Aviador Dante Isidoro Gastaldoni veio a falecer.

Terminada esta primeira fase, todos os pilotos foram transferidos para Suffolk, Long Island, a fim de se adaptarem ao avião que iria equipar o Grupo de Caça na campanha da Itália: o Republic P-47 "Thunderbolt". Este caça-bombardeiro dispunha de um motor de 2.000 HP, 8 metralhadoras .50, com uma cadência de 7.200 tiros por minuto, podendo levar foguetes e bombas de até 1.000 libras em cada asa. Dependendo da configuração empregada, o P-47 ultrapassava o peso de um Douglas C-47.

Encerrada a adaptação ao novo caça, os pilotos embarcaram em Patrick Henry, Virgínia, no dia 19 de setembro de 1944, no navio de transporte americano UST Colombie, com destino à Itália.

O desembarque se deu em Livorno, a 6 de outubro de 1944, sendo todo o efetivo imediatamente transferido para a Base Aérea de Tarquínia. O Grupo de Caça passou então a integrar o 350th Figther Group (EUA), com a denominação de 1st Brazilian Fighter Squadron. Durante a primeira cerimônia de hasteamento da bandeira brasileira em Tarquínia, o Comandante do Grupo de Caça, então Major-Aviador Nero Moura, raro exemplo de dignidade e coragem, dotado, ainda, de profundo sentimento de solidariedade humana, por isso atual "Patrono da Aviação de Caça" da FAB, disse em sua ordem do dia, com o ardor de quem ama e respeita este país:

"Na história dos povos coube-nos, assim, a honra de sermos a primeira Força Aérea sul-americana que cruzou oceanos e veio alçar as suas asas sobre os campos de batalha europeus. Antes de entrar em ação, aqui no velho mundo, o 1º Grupo de Caça cumpre o sagrado dever de plantar em território inimigo a Bandeira do Brasil.
Camaradas: para frente, para a ação, com o pensamento fixo na imagem da Pátria, cuja honra e integridade juramos manter incólumes.
Cumpre-nos tudo enfrentar, com fortaleza de ânimo, a fim de manter intacto esse tesouro jamais violado: a honra do soldado brasileiro! E nós o faremos, custe o que custar."
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 Ao Grupo foi designado o código rádio de JAMBOCK. Segundo um levantamento feito pelo Major-Brigadeiro Rui Moreira Lima, também piloto do Grupo na Itália e autor do famoso livro "Senta a Pua!", este nome é oriundo da África do Sul e significa um tipo de chicote confeccionado com o couro do rinoceronte. Entretanto, a famosa gíria "Senta a Pua!", tradicional no nordeste daqueles tempos, se incorporou naturalmente aos homens do Grupo de Caça. Passou a ser o grito de guerra da unidade até os dias de hoje.
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Durante a permanência em Tarquínia o Grupo de Caça perdeu, em 6 de novembro, o seu primeiro piloto, em missão de ataque a região de Bolonha: o 2º Tenente John Richardson Cordeiro e Silva.
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Em 4 de dezembro de 1944, a unidade brasileira foi deslocada para a Base Aérea de San Giusto, em Pisa, 200 Km ao norte de Tarquínia e bem mais próxima das linhas inimigas no norte da Itália. Em momento algum o Grupo de Caça deixou de operar durante essa transferência. Os aviões decolavam de Tarquínia para as missões de ataque e já pousavam na nova Base de Pisa. Segundo o relato do Comandante do Grupo, Nero Moura, o pessoal de apoio terrestre teve um desempenho fundamental na realização impecável desta operação.

O auge das missões ocorreu no dia 22 de abril de 1945, data que até hoje é comemorada como o "DIA DA AVIAÇÃO DE CAÇA". Somente neste dia foram realizadas 11 missões de 44 surtidas, com apenas 22 pilotos. Vale ressaltar que, durante toda a campanha da Itália, o 1º Grupo de Aviação de Caça jamais recebeu qualquer piloto para substituir aqueles que ultrapassavam a média de 60 missões. Já os pilotos americanos, após realizarem a 35ª missão, regressavam aos Estados Unidos para um descanso obrigatório.

No período de 6 a 29 de abril de 1945, o Grupo de Caça Brasileiro voou 5% do total das saídas executadas pelo XXII Comando Aerotático e, no entanto, dos resultados obtidos por este Comando foram oficialmente atribuídos aos brasileiros 15% dos veículos destruídos, 28% das pontes destruídas, 36% dos depósitos de combustível danificados e 85% dos depósitos de munição danificados.

Alguns dos trechos da Proposta de Citação Presidencial de Unidade enviado pelo Comandante do 350th Fighter Group, Coronel-aviador Ariel Nielsen, ao XXII Comando Aerotático, resumem fielmente as atividades do Grupo de Caça nesta fase da guerra:

"Proponho-vos seja o 1º Grupo de Caça Brasileiro citado pelos relevantes feitos realizados no conflito armado contra o inimigo, no dia 22 de abril de 1945.
Este Grupo entrou em combate numa época em que era máxima a oposição da antiaérea aos çaça-bombardeiros. Suas perdas têm sido constantes e pesadas e têm tido poucas substituições. À medida que se tornaram menos numerosos cada um passou a voar mais, expondo-se com maior freqüência. Mesmo assim, em várias ocasiões, tive que refreá-los quando queriam continuar voando, porque considerei que já haviam ultrapassado o limite de resistência.
A perícia e a coragem demonstradas nada deixam a desejar. chamo-vos a atenção para a esplêndida exibição do seu excelente trabalho contra todas as formas de interdição e coordenação de alvos.
Em minha opinião, seus ataques na região de San Benedetto, no dia 22 de abril de 1945, ajudaram a preparar o caminho para a cabeça de ponte estabelecida pelos Aliados, no dia seguinte, na mesma região. A fim de completar isso, o 1º Grupo de Caça Brasileiro, em seus feitos, excedeu os de todos os outros Grupos e sofreu sérias perdas.
Acredito estar refletindo o sentimento de todos os que conheceram o trabalho do 1º Grupo de Caça Brasileiro, ao recomendar que eles recebam a Citação Presidencial de Unidade (PUC - Presidential Unit Citation). Tal citação é, não só meritória, mas tornar-se-ia carinhosa à lembrança dos brasileiros, na comemoração dos esforços que foram desenvolvidos neste Teatro de Operações."

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A condecoração acabou não sendo oficializada após a guerra, pois este tipo de comenda somente era atribuído a unidades americanas e de tamanho superior ao do Grupo de Caça. Esta grande injustiça só seria reparada 41 anos após o final da 2ª Guerra Mundial. No dia 22 de abril de 1986, por determinação do então Presidente dos EUA, Ronald Reagan, o 1º Grupo de Aviação de Caça recebeu, durante as comemorações do "Dia da Aviação de Caça", realizadas anualmente na Base Aérea de Santa Cruz, a merecida Citação Presidencial Americana. Somente uma unidade inglesa que lutou durante a Batalha da Inglaterra detém, juntamente com o Grupo de Caça, a honra de possuir tal distinção. Infelizmente, por motivos até hoje desconhecidos, os integrantes do 1º Grupo de Aviação de Caça estiveram proibidos de usar tão importante condecoração. Esta proibição incluiu também o estandarte da unidade. Felizmente, esta proibição foi cancelada, e atualmente o Grupo de Caça e seus integrantes ostentam, com orgulho, a merecida comenda.

A guerra na Itália se encerrou em 2 de maio de 1945. O Grupo de Caça no período que ali permaneceu teve 22 baixas. Cinco pilotos foram mortos abatidos pela artilharia antiaérea, oito tiveram seus aviões abatidos e saltaram de pára-quedas sobre o território inimigo (sendo que três deles foram aprisionados em campos de concentração alemães e libertados pelos aliados ao final da guerra), seis foram afastados de vôo por indicação médica devido a esgotamento físico e três faleceram em acidentes de aviação.

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Segue abaixo um pequeno sumário estatístico das atividades do 1º Grupo de Aviação de Caça durante a campanha na Itália:
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Total das missões executadas....................................................... 445
Total de saídas ofensivas............................................................... 2546
Total de saídas defensivas............................................................. 4
Total de horas de voo em operações de guerra............................. 5465
Total de horas de voo realizadas.................................................... 6144
Total de bombas lançadas.............................................................. 4442
Bombas incendiárias (F.T.I)............................................................ 166
Bombas fragmentação (260 lbs).................................................... 16
Bombas fragmentação (90 lbs)...................................................... 72
Bombas demolição (1.000 lbs)....................................................... 8
Bombas demolição (500 lbs).......................................................... 4180
Total de munição calibre .50.......................................................... 1.180.200
Total de foguetes lançados............................................................. 850
Total de litros de gasolina consumida............................................ 4.058.651

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As operações de guerra foram encerradas e a grande maioria do pessoal do Grupo de Caça foi embarcada no navio transporte americano USS General Meighs, no porto de Nápoles, no dia 6 de julho de 1945. Chegaram ao Brasil, no cais da Praça Mauá, Rio de Janeiro, em 18 de julho.

Caças P-47 "THUNDERBOLT", num total de 19, liderados pelo Tenente-Coronel-Aviador Nero Moura, foram transladados de Kelly Field, Texas, para o Brasil. Estes aviões faziam parte de um estoque existente nos USA e que seria enviado para a Itália, a fim de recompletar as perdas em combate. Realizaram diversas passagens aéreas sobre o Rio de Janeiro antes de pousarem no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro, no dia 16 de julho de 1945.
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Desde a sua criação, o 1º Grupo de Aviação de Caça operou as seguintes aeronaves: P-40, P-47 "Thunderbolt", T-6 North American, F-8 "Gloster Meteor" (primeiro avião a jato a voar no Brasil), T-33/F-80 "Shooting Star" e AT-26 "Xavante". Atualmente opera os supersônicos F-5 "Tiger " da Northrop.

O legado deixado pelos heróis do Grupo de Caça na Itália serviu de alicerce para a formação dos futuros pilotos de caça da FAB e, com certeza, foi o principal responsável pelo surgimento da verdadeira mentalidade guerreira da Força Aérea Brasileira.


Fonte:  Artigo adaptado de original publicado na Revista do Clube de Aeronáutica e na Revista Contato (Associação de Pilotos da Varig). As informações deste artigo foram compiladas dos seguintes livros: "Senta a Pua!" do Major-Brigadeiro Rui Moreira Lima e "História da Força Aérea Brasileira" do Tenente-Brigadeiro Nelson Freire Lavenère- Wanderley.



terça-feira, 21 de abril de 2009

IMAGEM DO DIA - 21/4/2009


Emergência na Malásia, 1953.  Patrulha do Regimento Suffolk britânico enfrenta as difíceis condições da selva malaia.

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O TERÇO ESPANHOL

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O Terço (ou tercio, em espanhol) era uma unidade militar de infantaria espanhola que inovou a arte da guerra no período da dinastia Habsburgo. Mostrou-se tão eficiente que sua estrutura tática inspirou os exércitos europeus por quase 100 anos.


No início o tercio ficou famoso por sua resistência no campo de batalha e acabou se tornando a elite das unidades militares do governo de Madri. A partir de 1920 também recebem este nome as formações de valor regimento da Legião Espanhola, unidade profissional criada para combater nas guerras do norte de África.


Origem
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Embora oficialmente criados pelo rei Carlos I de Espanha, quando da reforma do exército de 1534, para guarnecerem as possessões espanholas na Itália e para operações ao longo do Mediterrâneo, suas origens remontam às tropas de Gonzalo Fernández de Córdoba, El Gran Capitán.

Os três primeiros tercios criados foram el Tercio Viejo de Sicilia, el Tercio Viejo de Nápoles e el Tercio Viejo de Lombardia.


Concepção

O tercio era outorgado pelo rei da Espanha diretamente ao seu Capitão, em função da necessidade bélica e disponibilidade econômica do oficial. O Capitão deveria financiar a unidade militar diante da expectativa de retorno financeiro dos saques e conquistas, sendo, pois, seus verdadeiros proprietários.

Assim, o tercio, não se constituía apenas de uma unidade militar senão, e antes de tudo, de uma unidade administrativa baseada na concessão do rei ao capitão, capaz de assegurar o domínio real espanhol e com baixo custo para a coroa, uma vez que dispensava os dispendiosos regimentos reais.

O Capitão outorgado, por sua vez, recrutava homens mediante as mesmas (ou outras) promessas de propriedades, riquezas e benefícios. Não raro, só a alimentação e o armamento da tropa já consumiam todo o capital do Capitão, sendo necessário o concurso de outros financiamentos.

Daí percebe-se que o sucesso dos tercios decorria mais do interesse de todos os seus componentes no resultado econômico da vitória do que na subordinação formal ou do recebimento do soldo que, em variados modelos e situações, nem sempre existia.




Organização
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Embora a organização dos terços tenha variado muito durante sua existência (1534-1704), as primeiras unidades foram inspiradas nas legiões romanas e possuíam um efetivo de 3.000 homens.

A estrutura original dividia o tercio em 10 companhias ("capitanías"), oito de piqueiros (lanceiros) e duas de arcabuzeiros, com 300 homens cada. Posteriormente os terços de Flandres adotaram uma estrutura de 12 companhias, 10 de piqueiros e 2 de arcabuzeiros, cada uma delas formada por 250 homens. Cada terço era comandado por um Mestre-de-Campo, secundado por um Sargento-Mor.

Mais adiante ou se adicionaram companhias de mosqueteiros ou estas substituíram as companhias de arcabuzeiros, e no final - mas raramente - se adicionou apoio de artilharia.

A unidade se fazia acompanhar sempre de um médico e um boticário ou barbeiro, e de ampla assistência religiosa.


Evolução e esgotamento

Os tercios dominaram na época em que as armas de fogo ainda eram de carregamento muito lento. Daí a ênfase na massa de piques que, coesa e compacta, varria as linhas inimigas. Os terços foram os senhores dos campos de batalha europeus, até que o surgimento de armas de fogo mais eficientes começou a devastar sua estrutura compacta.

Depois de acumularem por décadas fama de invencíveis, os tercios acabaram angariando fama de extremamente cruéis, com a atribuição de saques com matanças generalizadas de mulheres e velhos.

Depois de muitas mudanças o modelo acabou se esgotando e os holandeses e suecos, à frente de novos sistemas táticos, comandaram a decadência da infantaria espanhola sendo marcantes, neste sentido, as batalhas de Nieuwport, Breitenfeld e Rocroi. Nesta última, a vitória francesa derrubou definitivamente o mito de invencibilidade dos tercios.




Lista dos Terços

Viejo de Lombardía
Viejo de Sicilia
Viejo de Nápoles
Viejo de Brabante
Viejo de Cartagena o de Ambrosio Spinola
Saavedra
Alvaro de Sande
Flandes
Fuenclara
Caracena
Mortora
Garciez
Alburquerque
Bonifacio
Meneses
Seralvo
Cordobas
Casco de Granada
Nuevo de Toledo
Nuevo de Valladolid
Azules Viejo
Fijo del reino de Nápoles
Zapena
Villar
Monroy
Morados Viejos (Sevilha)
Amarillos Viejos
Azules Viejos (Toledo)
Viejo Lesaca
Castilla
Guipúzcoa
los Arcos
Idiáquez
Aragón
Valencias y Conde de Garcies
Verdes Viejos
Diputación da Catalunha
Ciudad de Barcelona
Collorados Viejo
Amarillo Nuevo (tercio provincial de Léon)
Amarillos Viejos
Costa de Granada
Azules Nuevos (tercio provincial de Murcia)
Los Blancos (tercio provincial de Segovia)
Colorados Nuevos (tercio provincial de Gibraltar)
Morados Nuevos (tercio provincial de Toledo)
tercios de la Armada (2 ou 3 em 1701)
Viejo de la Armada Mar Oceano
Viejo Armada
Fijo de la Mar de Napoles
tercios italianos ( 11 a 14 em 1701)
Toraldo
Cardenas
Avalos-Aquino
Torrecusa
Guasco
Lunato
Paniguerola
Torralto (napolitano)
San Severo (napolitano)
Torrecusa (napolitano)
Cardenas (napolitano)
Lunato (lombardo)
Paniguerola (lombardo)
Guasco (lombardo)
Tercio Vecchio de Nápoles (napolitano)
Tercios irlandeses (1 em 1701?)
Tyron
Bostock
Tercios alemanes (6 a 9 em 1701) tercios des Grisons (suíços, 2 em 1701)
Tercios valones (8 em 1701)
Beaumont

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terça-feira, 14 de abril de 2009

RESGATE EM KOLWEZI, ZAIRE (1978)


Uma das grandes ações da Legião Estrangeira francesa na África ocorreu em 1978, no Zaire, em apoio ao governo do presidente Mobutu.


No dia 13 de maio de 1978 cerca de 4.000 Tigres, guerrilheiros da Frente Nacional de Libertação do Congo (FNLC), ocuparam a cidade de Kolwezi, na conturbada província de Sheba (ex-Katanga), cortando as comunicações com a capital e infligindo grandes perdas ao exército governamental. Seguiu-se uma orgia de violência e matanças que atingiram centenas de europeus habitantes da região. No dia seguinte, o presidente Mobutu pediu a ajuda dos franceses. A resposta veio rapidamente.


Entrada da cidade de Kolwezi

A Operação.

Em 17 de maio, por volta da 10 horas, o 2º Regimento Estrangeiro de Pára-quedistas da Legião Estrangeira (2º REP), baseado em Calvi, Córsega, foi designado para se deslocar no prazo de seis horas. Mas as ordens executivas só chegaram à 01:30h da madrugada seguinte. Às 8 horas o regimento estava na base aérea de Solenzara, pronto para partir.

O primeiro escalão embarcou naquela tarde em cinco DC-8 de carreira, seguidos pelo restante do contingente que foi junto com as armas e os veículos pesados em aviões C-141 e C-5 da Força Aérea dos EUA (USAF). Os DC-8 aterrissaram no início da noite no aeroporto de Kinshasa, capital do Zaire, onde os legionários souberam que embarcariam para Kolwezi (a 2000 km de distância) em quatro Hércules C-130 e em dois Transall C-160 da Força Aérea do Zaire.

Teriam como tarefa resgatar todos os civis que estivessem aprisionados pelos rebeldes em Kolwezi e arredores. Pouco se sabia de concreto o que acontecia em Kolwezi.

Os homens do 2º REP trabalharam toda a noite para se organizar e então embarcaram apressadamente nos aviões. Poucos já tinham saltado de um C-130 e todos teriam de usar pára-quedas norte-americanos T-10, com os quais não estavam acostumados.

Paraquedistas do 2º REP embarcando em Kinshasa, antes do salto em Kolwezi

Um pneu de um C-160 estourou durante a decolagem e os legionários tiveram que ser distribuídos pelos outros cinco aviões. Oitenta pára-quedistas foram espremidos num avião feito para levar 66 pessoas. Eles não dormiam havia 48 horas. Depois de quatro horas de vôo, o 2º REP fez com sucesso seu primeiro salto operacional desde a derrota de Dien Bien Phu, saltando diretamente sobre o objetivo e não a 1 km de distância como havia sido previsto.

Embora não houvesse oposição, a ação dos legionários foi rápida. A 1ª Companhia ocupou uma escola (Liceu João XXIII), a 2ª apoderou-se de um hospital e de uma oficina e a 3ª tomou o Hotel Impala e uma ponte. A noite transcorreu com ações esporádicas e, na manhã seguinte, os quatro C-130 e o C-160 chegaram com o restante do regimento. O comandante achou que não se justificava o risco de um salto noturno e mandou os aviões seguirem até perto de Lubumbashi. Ao amanhecer voltaram para o local da operação e lançaram os homens e os equipamentos com êxito total.

Enquanto tudo transcorria, os legionários em terra continuavam em sua tarefa de resgatar prisioneiros, impor ordem na cidade e enfrentar muito duramente os Tigres da FNLC.

Por volta do meio-dia de 20 de maio (dois dias depois da primeira aterrissagem) a situação em Kinshasa estava sob controle suficiente para que a 4ª Companhia avançasse em direção à cidade de Metal Shaba, ao norte. Ali deparou-se com uma poderosa força inimiga – que dispunha de infantaria motorizada, apoiada por dois tanques leves de fabricação soviética -, a qual foi prontamente destruída.

Legionário francês capturando um prisioneiro


Aos primeiros clarões de 21 de maio, a maior parte dos veículos de transporte do regimento chegou de Lubumbashi, seguida pelo restante da unidade. Totalmente motorizadas, as companhias passaram os dois dias seguintes percorrendo os arredores a procura de rebeldes e prisioneiros. Encontraram grupos de europeus aterrorizados pelas violências cometidas pelos Tigres.


Vitória

No dia 28 de maio, o 2º REP recebeu ordens para ceder seu espaço a tropas belgas, marroquinas e zairenses que se aproximavam, e se deslocar para Lubumbashi, de onde voltaria à Córsega em aviões C-141 da USAF.

Em sua rápida operação, o 2º REP foi o responsável direto pelo salvamento de 3.000 europeus e africanos leais ao governo Mobutu, cerca de trezentos Tigres da FNLC foram mortos e 163 capturados, além de grande quantidade de armas e munições. Cinco legionários morreram em combate e 25 ficaram feridos.


Legionário francês observa os restos da batalha

Levando-se em conta o rápido deslocamento da Córsega para Kinshasa e a precariedade do vôo para Kolwezi, bem como as condições adversas do local dos combates, o desempenho dos legionários foi excepcional.



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IMAGEM DO DIA - 14/4/2009


Vidas opostas. Refugiados sul-coreanos afastam-se da zona de combate enquanto tropas dos EUA marcham para ela. Guerra da Coréia, 1950.
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PENSAMENTO MILITAR - A SURPRESA


"Seja lá o que for [...] menos deve parecer agradável ou assustador. Em lugar algum isto parece ser melhor que na guerra, onde a surpresa assusta até aquele que é o mais forte."

Xenofonte, historiador grego

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NOTÍCIA – ENCONTRADA A LISTA DE SCHINDLER ORIGINAL NA AUSTRÁLIA



A lista elaborada pelo empresário alemão Oskar Schindler, que possibilitou o salvamento de mais de mil judeus dos campos de concentração nazistas na 2ª Guerra Mundial, foi achada numa biblioteca de Sydney, na Austrália. Ninguém sabia que o documento estava na biblioteca.
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A lista foi encontrada junto a notas de pesquisa e recortes de jornais alemães utilizados pelo escritor australiano Thomas Keneally, autor do livro A arca de Schindler, no qual o filme A lista de Schindler, de Steven Spielberg foi baseado.
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A biblioteca tomou posse da lista quando adquiriu o material de pesquisa de Keneally em 1996.
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A lista possui treze páginas amareladas pelo tempo, onde estão os nomes e nacionalidades de 801 judeus e foi tida como um dos documentos mais importantes do século XX.

Nem a biblioteca nem mesmo o livreiro que vendeu o material sabiam que a lista estava entre os documentos. A lista foi escrita com máquina de escrever apressadamente em 18 de abril de 1945, próximo do fim da 2ª Guerra Mundial, e compilada por Oskar Schindler.
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Durante a guerra Schindler esteve a frente de uma fábrica em Cracóvia, Polônia, que utilizava mão de obra judia. Decepcionado com os ideais nazistas ele convenceu oficiais de que seus funcionários eram necessários para os esforços de guerra e não podiam ser enviados aos campos de concentração.
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A lista foi dada ao escritor australiano Thomas Keneally numa loja em Los Angeles, há quase 30 anos, por uma das pessoas que escapou com a ajuda de Oskar - Leopold Pfefferberg. Pfefferberg desejava que a história da lista fosse revelada ao mundo.

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